quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Como aparece Deus no processo de vida-morte-ressurreição da linguagem


Texto criado a partir do primeiro capítulo da obra do Leonardo Boff, citado abaixo, apresentado ao curso de Teologia na disciplina Teologia Sistemática (Pneumatologia e Graça) - 02/08/2011.


BOFF, Leonardo. Experimentar Deus – A transparência de todas as coisas.


É notória a crise da imagem de Deus apresentada nas religiões, igreja e sociedade contemporânea. Dentre elas ate surgiram interpretações como a “morte de Deus”. Já outros reelaboram as imagens, tornando-as mais “modernas” para atender um novo modelo de sociedade, o que não resolve o problema, apenas substitui uma imagem equivocada por outra.
Da necessidade do homem querer ver Deus, e Deus que por seu amor se deixa mostrar, não é de surpreender que haja a necessidade de perpetuar imagens a seu respeito. Nesse modo de fazê-lo se encontra um Mistério.
Deus não está além do mundo, coabita com sua obra, nela e através dela. E faz ser visto, através de Jesus (Deus Filho), o qual caminhou e viveu na criação sendo visto e ouvido por todos que estavam perto.
A dificuldade de mostra a face de Deus, surge quando Ele não estava visivelmente presente, o que deu origem às mais diversas representações, por exemplo, os ícones, que são escritos a partir da compreensão do autor para a realidade do povo. Essas representações são bíblia pauperum (=Bíblia dos pobres).
Boff, vai apresentar um caminho em três passos, para justificar a imagem de Deus, a partir do imaginário e do recurso da linguagem.
1º). A montanha é montanha: saber-imanência-identificação
“Deus é identificado com os conceitos que dele fazemos. Ele habita nossos conceitos e nossas linguagens”.
Nossa experiência de relação com Deus vai partir de como o concebemos e acolhemos, se o chamamos de Senhor, Pai, Mãe, Santo e até mesmo Rei, Juiz e GAU.
Na forma definida que o abrigamos no nosso coração. Porém, a palavra aprisiona, dando um sentido único.
2º). A montanha não é montanha: não-saber-transcendência-desidentificação
Quando percebemos que uma definição esgota todo um conceito, vemos que Deus recebe imagens de compreensão insuficientes, apenas simbolismos e palavras figurativas. Nosso pensar em Deus deve transcender nossa realidade, pois se Deus é Pai materno ou Mãe paterna, não podemos assimilar com nossos pais e mães terrenos (biológicos).
Deus não se esgota e ninguém pode tentar esgotá-lo, já que é um Deus vivo e não uma palavra morta.
3º). A montanha é montanha: sabor-transparência-identidade
Após um momento de crise sobre a imagem de Deus, e reconhecendo que Ele não pode ser reduzido, torna possível suas representações, não como uma identificação, mas como um acesso a Ele.
Com segurança, poderemos empregar alguns antropomorfismos, se esta for a forma necessária para aproximar Dele, já que o homem é imagem de Deus, e Deus imagem do homem.
Deus está presente em tudo, paneteísmo, depositando a todo instante o seu amor infinito. E por isso não podemos nos limitar a entendê-lo e querer sempre mais conhecê-lo, como é sabido que quem ama procura conhecer o amado ou a amada. Tomando cuidado para não ser prepotente e dar uma definição última, desse Deus que é Mistério e nosso eterno futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário