segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Análise do livro: As Igrejas dos Apóstolos


Trabalho apresentado ao curso de Teologia como requisito parcial de aprovação na disciplina Patrologia - 24/09/2010.



Nos primeiros escritos sobre Jesus, os apóstolos escreviam: “eu vi”. Depois da morte deles, os subapóstolos, escreveram: “Eu ouvi daqueles que viram”. E continuando o ciclo, chega-se ao momento em que apenas a fé torna as palavras fidedignas Daquele que um dia falou.
É concebido que os livros do Novo Testamento foram escritos pelos apóstolos, porém se reduzir os 12 em somente aqueles que realmente fizeram algo que mostra nas Escrituras, sobram apenas: Pedro, André, Tiago e João (são citados na companhia de Jesus, nos Evangelhos). No Novo Testamento André não é citado, Tiago morre no início do período apostólico, martirizado; João aparece como companheiro de Pedro e Pedro é mais citado, como se vê em Atos e nas cartas atribuídas a ele, endereçadas as comunidades cristãs.  Em seguida, surge Paulo, que ocupa o “lugar” de Judas como apóstolo, e seu nome, juntamente com Pedro é citado em Atos, e em algumas de suas cartas. Esses nomes, sumiram do cenário apostólico ainda no primeiro século da era cristã.
Os apóstolos fundaram comunidades, e com a morte deles, quem assumia era um bispo ou presbítero nomeado, porque assim como Jesus os nomearam, eles nomearam novos nomes para lhes sucederem. As cidades onde as comunidades foram criadas, se tornaram grandes centros cristãos, saíram da Galiléia e Jerusalém onde Jesus pregou para cidades como Corinto, Alexandria e Roma.
Paulo dedicou a maior parte de sua vida ao serviço missionário, pregando e convertendo até os confins do mundo. Depois, sua intenção passa a ser pastoral, ele preocupa com a orientação dos fiéis.
Como escreve as comunidades de Timóteo e Tito, a Igreja precisa ter uma organização como estrutura, pois essas comunidades estavam deficientes nesse aspecto. Essa organização que ia proteger a Igreja contra uma desestruturação. E assim Paulo nomeia os presbíteros-bispos e ensina como devem ser após a sua morte, quando não puder mais resolver as questões pastorais.
“Devem ser os mestres oficiais das comunidades, sustentando e defendendo a sólida doutrina que receberam de Paulo através de Tito e Timóteo, bem como rejeitando qualquer ensinamento novo ou diferente. Eles podem proteger a comunidade contra uma falsa doutrina, porque podem impor silêncio aos mestres errados”. Devem manter a “casa de Deus” organizada, onde os irmãos se preocupam um com o outro, administrando e dando bom exemplo.
Essas comunidades tiveram grande estabilidade institucional e foram fiéis em preservar a herança apostólica.
Nas comunidades dos Colossenses e Efésios, Paulo, além de tratar de assuntos pastorais como o comportamento ético dos cristãos, ele não está preocupado com a organização estrutural, passa a chamar as comunidades de igreja e fala que a Igreja é o Corpo de Cristo que deve ser amado. Trata cada carisma como uma parte do corpo, onde o corpo só estará bem com a comunhão de todos trabalhando juntos.
A idéia da Igreja como o Corpo de Cristo, onde Cristo é a cabeça, mostra o amor que Ele tem por ela. Por isso, a santidade é muito importante nesse sentido, pois Cristo morreu para santificar e purificar a Igreja e torna-la Gloriosa.
Cristo é representado como o Pantocrátor, “Aquele que tudo mantém”.
O Paulo de Lucas e Atos é missionário, preocupado em levar a mensagem de Cristo aos pagãos e gentios, até os confins da Terra. Preocupado com o cuidado do “rebanho”, se despede e nomeia bispos e presbíteros, pois seria a última vez que o veriam. E deixa como promessa, o Espírito Santo, que surge nos momentos em que as igrejas e seus líderes precisarem de ajuda.
Outro pilar da Igreja, Pedro, como é mostrado na sua primeira epístola, fala para os gentios convertidos ao cristianismo alguns anos antes. Nessa carta Pedro faz referência ao culto, e a estrutura da Igreja como a que foi apresentada por Paulo. Pedro também estava preocupado em afirmar os novos fiéis como “corpo de cristo”, numa igreja, “casa de Deus”, pois garantia aos cristãos-gentios que estavam vivendo como uma família, que haviam ganhado uma herança especial. Sua herança é afirmar Igreja como Povo de Deus.
Nas comunidades joaninas, a princípio temos uma comunidade formada por pessoas ligadas de forma afetiva com Jesus, ligada ao João do quarto Evangelho. Existe uma relação individual entre o cristão e Jesus.
O João das epístolas apresenta a comunidade guiada pelo Espírito Paráclito, aquele que estará com os discípulos quando Cristo não estiver mais no meio deles, habitando no coração de cada cristão.
Mateus, em seu Evangelho, é o único que usa a palavra Igreja, é o mais citado pelos Padres da Igreja, mais catequético e que mais atende as necessidades das comunidades cristãs. Na comunidade de Mateus, os cristãos judeus e gentios têm que aprender a conviverem juntos.
Não existiu uma comunidade, mesmo que fundada por um apóstolo, que tenha sido perfeita. Sempre tiveram seus problemas e dificuldades particulares, e sempre buscavam resolve-los sob inspiração do Espírito Santo.
A Igreja atual herdou de Paulo o sentido missionário e pastoral, enquanto de Pedro herdou o rigorismo e as idéias ortodoxas que continua presente em Roma.

Raymond Edward BROWN, As igrejas dos apóstolos

Nenhum comentário:

Postar um comentário