sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Divindade do Filho e do Espírito Santo

Trabalho apresentado ao curso de Teologia como requisito parcial de aprovação na disciplina Patrologia - 03/11/2010.

Se Jesus Cristo foi totalmente ou parcialmente homem ou Deus, foi uma discussão que durou grande parte do século IV. Esse período foi marcado por um grande número de heresias em torno do tema, e responsável por muitos cismas, principalmente no Oriente.
Um dos principais problemas foi com o presbítero da Igreja de Alexandria, Ário, logo fundador do arianismo. Sua doutrina, herdada da tradição monarquiana, consistia em: negar a divindade do Filho e do Espírito Santo, porém só aceitava o Pai como único e verdadeiro Deus; que o Logos e o Pai não eram da mesma essência; que o Filho era uma criação do Pai; que houve um tempo em que o Filho ainda não existia.
“Havia um tempo em que ele não era;
Antes de ter sido gerado, ele não era;
Ele veio a ser a partir do que não é, ou de uma outra hipóstase (hypostasis) ou substância (ousia).”
Apresenta ainda, que Jesus era um Deus inferior, por ter suportado a paixão, e se fosse um Deus verdadeiro teria negado esses tratamentos. Jesus só foi santificado pelo Pai através do batismo, e devido ao fato de ser um Deus inferior, foi obediente ao Pai durante toda a vida.
Através do Concílio de Nicéia (325), foi redigida uma profissão de fé, “Símbolo de Nicéia”, a qual tinha por objetivo primordial combater a doutrina de Ário. Esta profissão de fé afirmava que o Verbo é verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, o qual possui com Ele a mesma natureza divina e as mesmas perfeições.
“Cremos num só Deus [...]
E num só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, único gerado, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
Gerado, não criado
Consubstancial ao Pai,
Por que tudo foi feito, o que está no céu e o que está na terra, [...] e no Espírito Santo.

O arianismo continua e depois do Concílio surgem dois grupos: os seguidores de Nicéia e os de Ário. Um grande adversário do arianismo foi Atanásio, que escreveu Tratados contra os arianos, seus Tratados revelam uma profunda exegese dos textos sagrados e também na profissão de fé segundo o símbolo niceno. O que é notório lembrar, o arianismo deixou uma herança que ainda existe no século XXI, os Testemunhas de Jeová. Já no cristianismo Cristo não é 50% homem e 50% Deus; Ele é 100% Deus e 100% homem.
Além da divindade do Verbo, foi discutida também em relação ao Espírito Santo. Apesar de estar presente desde a Criação, só foi lembrado numa discussão muito tempo depois, quando colocaram a questão se tudo que foi atribuído ao Filho também poderia ser ao Espírito.
Os arianos, por negarem o Filho, também negam o Espírito. E surge os “trópicos”, eles colocam que se o Espírito é Deus, logo deve ser consubstancial ao Pai, irmão do Filho, ou se é gerado do Filho, o Pai é o avô, ou o Espírito é um anjo. Depois concluem que o Espírito não foi gerado. Outro grupo, os pneumatômacos ou os “combatentes contra o Espírito Santo”, surgem no seio do arianismo. Diziam que o Espírito está abaixo do Pai e do Filho, por isso, não deve ser glorificado com eles.
Para defender o Espírito, Atanásio de Alexandria e Basílio de Cesaréia publicam cartas e tratados a respeito da divindade do Pneuma. Atanásio mostra que o Espírito não é anjo nem criatura do Pai, sendo que sua ação é de Deus, quando santifica, glorifica, unge e vivifica. Seus argumentos se baseiam na fé batismal, e na relação trinitária, na qual o Espírito tem relação com o Pai, assim como o Filho está com Ele, e o Verbo com o Espírito.
Basílio de Cesaréia, também tem seus argumentos fundados na fé batismal, e ainda complementa que se Deus é espírito, logo é Espírito Santo. E que somente Deus, pode criar, recriar, renovar e santificar. Ele coloca o Espírito, o Filho e o Pai como iguais, sem afirmar claramente que o Espírito é Deus.
Se Nicéia tratou das questões do Verbo que é Deus, Constantinopla I (381) veio para complementar, proclamando a divindade do Espírito Santo. Esse Concílio confirmou e renovou a fé de Nicéia. Depois disso, houve uma pacificação a respeito desses questionamentos que perduraram pelo século IV. E o símbolo antes de Nicéia passa a ser de Nicéia-Constantinopla.

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