sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Primeiros discursos cristãos e tradição da fé


Trabalho apresentado ao curso de Teologia como requisito parcial de aprovação na disciplina Patrologia - 21/09/2010.

Os primeiros discursos cristãos
Nas origens da literatura cristã, são encontradas três interpretações principais: o judeu-cristianismo, o gnosticismo e os Padres apostólicos.
O judeu-cristianismo é marcado pelas comunidades judaicas que mesmo no judaísmo, asseguravam a pregação dos apóstolos, e a inculturação do cristianismo de origem pagã. Eram judeu-cristãos, pessoas vindas do judaísmo que permaneciam com o pensamento judaico; E os que continuavam no judaísmo, mas reconheciam em Cristo, um profeta.
Nessa literatura, encontram-se muitos escritos, em sua maioria, apócrifos, e alguns relacionados aos padres apostólicos. E como elementos comuns de seus textos: o gênero apocalíptico; uma interpretação própria do Antigo Testamento; atribuíam certos textos proféticos como predição á Cristo; É comum a referência aos anjos e sua milícia celeste, onde os anjos representem o Bem e os anjos decaídos, agora chamados de demônios, representam o Mal. Fazem muitas analogias entre um símbolo e outro, para que um dê sentido ao outro, para mostrar que o Novo testamento está confirmando o que está escrito no Antigo, e seu conteúdo já era previsto.
Também é conhecido na literatura do judeu-cristianismo, o pensamento “heterodoxo”. Nele, são questionadas questões como a divindade de Cristo; a existência da Trindade em conflito com um pensamento monoteísta. Apesar de serem questões delicadas, esses grupos deram origem a grupos heréticos e gnósticos.
Por causa da ascensão do cristianismo em meio ao paganismo, o judeu-cristianismo se extinguiu. Porém, ele guarda muitos ensinamentos para a fé cristã.
O gnosticismo define-se em buscar a salvação pelo conhecimento.  Para os gnósticos “o conhecimento da Lei depende de um modo de interpretação cuja chave é reservada aos iniciados”. Nesse contexto, a fé cristã se apresenta como a “verdadeira gnose”.
O cristianismo gnóstico, também é esotérico, pois designa um conhecimento especial que é reservado, restrito a um grupo de pessoas que se mostraram merecedoras de recebê-lo; que passaram por um processo iniciático. Por isso, se julgam como os “verdadeiros cristãos” e serão salvos.
Dão grande importância a mitologia, numerologia, temas apocalípticos e precursora de pensamentos como o maniqueísmo; Cristo é somente Deus e não homem, só aparenta ser, por isso não sofreu na cruz.
Apesar de serem “fechados”, e muitas vezes serem considerados hereges. Pode-se afirmar que os gnósticos foram os primeiros teólogos, pois eles que buscaram a gnose (o conhecimento), e seus pensamentos e tratados não podem ser descartados, sendo que muitos são profundamente cristãos.
Os Padres apostólicos, referem-se aos discursos relacionados aqueles que pertenciam a geração posterior a dos apóstolos, sendo que muitos tiveram contatos com eles. Eles se relacionam com o judeu-cristianismo, já que alguns foram judeu-cristãos e também tiveram relação com o gnosticismo, por confrontá-la.
Seus textos, geralmente são cartas com finalidade pastoral e catequética, onde o autor dirige a sua comunidade. A intenção é manter a unidade e a organização das comunidades, elevar o ânimo dos fiéis num período de perseguição e martírio e incentivam a conversão.
Por causa das críticas dos pagãos sobre os costumes cristãos, e como inventavam motivos para criticá-los, surgem textos, com necessidade de explicação, como resposta as idéias absurdas ditas pelos pagãos. Nisso surgiu “disputas literárias”, onde um autor criticava em um ponto, e o outro “contra-atacava” respondendo em um outro texto. Daí, o gnosticismo, principalmente, foi combatido como os primeiros hereges. Sendo Irineu de Lião o principal “combatente” ás heresias.

Tradição e Regra de fé
Dentre todos os tipos de escritos cristãos, percebe-se que eles criaram um dogma de fé, como mostra a forma em que expressam sua fé, como encaram os grupos hereges e o gnosticismo. Disso, percebe-se que “nasce” a Tradição cristã: a Tradição não foi criada, ela foi recebida.

Antes do dogma ser uma norma, ele surge da fidelidade aos Evangelhos e suas mensagens, mesmo que ainda os escritos do Novo Testamento não sejam canônicos. Mas, é a fé que o faz fiel aos escritos.
A Tradição é norma non normata, ela vêm dos apóstolos para o período pós-apostólico, e não o contrário, já que muitos escritos e ensinamentos nasceram no período posterior aos apóstolos.
A sucessão apostólica, também nasce da Tradição, quando os ministros das primeiras comunidades viram a necessidade de nomear novos “pastores”, pensando no futuro da Igreja. E assim, esses novos ministros foram nomeando outros conforme a necessidade. Antes disso, Jesus havia escolhido os primeiros apóstolos, e foram estes que nomearam os primeiros ministros, presbíteros e diáconos.
O cânon das Escrituras, em especial o Antigo Testamento, foi herança do cânon judaico, e não uma elaboração cristã propriamente dita. Porém, a elaboração do cânon do Novo Testamento, foi mais complicada, já que haviam vários escritos que tinham que coexistir ao lado do Antigo Testamento, e selecionaram apenas os que condiziam com a realidade das comunidades cristãs, sem mácula de ensinamentos hereges. O cânon é um dogma de fé.
O dogma de fé é a união da fidelidade à Tradição e as Sagradas Escrituras, tida como escritos canônicos.

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