sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Da economia à “teologia” (século III)


Trabalho apresentado ao curso de Teologia como requisito parcial de aprovação na disciplina Patrologia - 03/11/2010.

Os cristãos se diferenciam das outras religiões monoteístas, pelo dogma da Trindade: “Um Deus, três pessoas”, sendo a noção de pessoa diferente de natureza. Porém, nos primeiros séculos da era cristã houve dificuldade de muitos cristãos em formularem o sentido da fé trinitária, mesmo que a celebrasse. A partir do dogma trinitário surgem todos os outros dogmas, e dele que nasce todo o sentido místico, litúrgico e é o centro do cristianismo.
Os grupos não cristãos, judeus e pagãos, afirmavam que os cristãos adoravam dois deuses, pois também adoravam Jesus. A partir disso, surgiram outros questionamentos, como a natureza de Cristo, se é somente divina ou somente humana. Para tentar escapar de acusações por parte dos judeus e dos pagãos, grupos formulam idéias pra explicarem essa idéia, porém muitos se reduzem a um pensamento herege.
Os adocianistas diziam que Cristo foi um homem que se tornou Deus, pois Ele o adotou, em conseqüência disso surgiu o pensamento ebionista. Estes diziam que Jesus era homem, que foi um grande profeta e elevado a Deus como um Filho. Para os modalistas, Deus é um, as três pessoas não são eternamente distintas, são apenas três modos de Deus se relacionar com o mundo, é Deus que se manifesta de forma diferente.
Os que compartilhavam as idéias de Práxeas, diziam que os cristãos eram politeístas, porem Tertuliano apresenta a monarquia da Trindade, é o comando de um (o Pai), que mesmo tendo um Filho não perde sua autoridade, pois este nasce da vontade do Pai, por isso ele não é outro deus que surge como rival, apenas faz a vontade se cumprir, e em seguida o Espírito vem ao Pai pelo Filho.
Tertuliano também apresenta que Deus é único, com um modo de disposição chamado economia, onde Deus realiza seus planos de salvação através do Filho e do Espírito. E os distingue pelo grau, pela espécie e pela forma. Pelo grau. O Espírito é o terceiro em relação ao Pai; pela espécie, são realidades distintas que compartilham a mesma fonte, a mesma substância, mas não no mesmo nível do Pai, sendo o Pai a totalidade e o Filho a derivação, juntos em unidade; e na forma há a individuação do ser espiritual.
Segundo Tertuliano, o Verbo, sempre chamado de Filho, sai do Pai, pois se Ele foi gerado, então toma por reconhecimento sua emissão. Sua geração é interior, diferente de Ptolomeu que afirma que é do exterior. O Verbo sempre esteve dentro do Pai, mesmo antes da criação ou mesmo do seu envio, porque o Verbo não pode ser limitado á uma origem, senão ele não seria eterno. E coloca o Espírito Santo numa disposição intra-trinitária, assim como o Filho está no Pai, o Espírito está no Filho. Ele sai do Pai, permanece no Filho e só se manifesta como presença divina, em Pentecostes, fazendo número com o Pai.
O Filho, Jesus, se fez homem, nasceu de uma mulher, teve um corpo, carne e alma. Tornando-se homem, assumiu todas as realidades de homem, e na sua morte na cruz, também morreu como um.
Orígenes diz que o Filho é múltiplo do Pai, e não completamente Uno. Sendo o Filho intermediário ao Pai, sendo que Ele por amor a humanidade se faz homem. O amor nasce do amor.
Como regra de fé, Orígenes coloca em primeiro ponto Deus-Único, criador; em seguida Filho - Jesus, que encarnou, morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus; logo o Espírito Santo; nos últimos seis pontos coloca a alma e a vida eterna; a ressurreição dos mortos; o livre-arbítrio; os anjos; o começo do mundo e a inspiração. Esses seis últimos pontos foram uma nova proposta apresentada por ele como regra de fé, pois os três primeiros já eram de conhecimento de outras regras de fé.
Não há Pai, se não há um Filho; Orígenes também afirma que o Verbo também estava presente na criação, fazendo a alegria do pai, sendo Filho é a Imagem de Deus. Apesar de serem distintos, há a unidade entre eles, os dois são um Único Deus. Jesus é a imagem da bondade do Deus invisível.
O Espírito Santo, mesmo sendo criado pelo Pai, não é chamado Filho, pois precisa do Filho para subsistir, sendo assim, o Espírito depende do Filho, e este afirma sua existência. Ele é o mediador entre o Pai a as criaturas criadas por Ele.
Com os Padres pré-nicenos surge o subordinacionismo, onde o Filho e o Espírito estão abaixo do Pai, pois Ele é o maior na ordem das pessoas divinas. Porém, são Deus junto com o Pai.

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