sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Comentário do texto: "Diretrizes para uma doutrina ecológica da criação"

MOLTMANN,J. Diretrizes para uma doutrina ecológica da criação, in: Deus da Criação

Trabalho apresentado ao curso de Teologia como requisito parcial de aprovação na disciplina Teologia sistemática (antropologia teológica) - 03/03/2011.

Em Gn1,26 Deus diz para que seja feito o homem e que este domine sobre todos os animais, na terra, na água e no ar. O homem, criatura de Deus, entende-se como o senhor de tudo isso, esquece do Deus absoluto, e se coloca no centro de toda Criação. A compreensão de domínio sobre tudo fugiu do controle do homem, e este passou a destruir, a abusar dos recursos existentes no planeta, esquecendo do cuidado necessário para uma preservação, alegando desenvolvimento e modernização.
Deus, não pode ser entendido como um Senhor longe da humanidade, mas próximo. Um Deus trino, que tem a comunhão entre Pai, Filho e Espírito Santo. Que através do Filho se fez mais próximo à humanidade.
1. O Reconhecimento da natureza como criação de Deus é reconhecimento participativo
Cada vez mais, o homem se torna senhor do mundo, estudando e entendendo cada vez mais todas as coisas contidas nele e também em si mesmo, através das ciências modernas. Porém, o é entendido em partes através das ciências modernas.
Entendemo-los, portanto, melhor integrado, não dividido, mas dentro de sua totalidade.” (linha 28)
Daí concebe-se que o homem não deve ser analisado como um objeto, mas como sujeito, onde há um conjunto de todas as partes que o forma, uma cultura que o rodeia. Já que é um ser que depende da relação com os outros. (linha 35)
O pensamento comum do ser humano, com o meio ambiente, deve mudar e deixar de ser um usuário de um “bem sem dono” (linha 63) para co-habitar com a natureza, respeitando-a e a preservando.
2. Criação para a glória
Uma doutrina cristã para a criação “está orientada para a libertação das pessoas, para a satisfação da natureza e para a salvação da comunhão entre pessoa e natureza das forças do negativo e da morte”. (linha 8)
Deus cria o mundo, e faz dele sua morada (linha 30), por isso, a “casa” de Deus deve ser preservada pelos “inquilinos” que é a humanidade, que a toma por um instante e nela habita. Para que um dia na Glória, habitem a morada eterna junto ao Pai.
3. O sábado da criação
Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda a obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nele descansou de toda a sua obra de criação”. (Gn2,1-3)
O sábado é por excelência, o dia de celebrar a criação, pois é nesse dia que Ele contempla e abençoa sua obra. Os cristãos entendem a criação a luz da ressurreição, pois esta é sua nova criação (linha 50). È na ressurreição que nasce a esperança da criação de um mundo sem fim. (linha 58)
4. Preparação messiânica da criação para o Reino
A graça de Deus deve ser vista na ressurreição de Cristo, que a sua ressurreição é o início da nova-criação do mundo”. (linha 39)
5. Criação no Espírito
A princípio, dizia-se que apenas Deus Pai que criava, mas, como pensamento cristão, a criação é ato trinitário, o Pai cria através do Filho no Espírito Santo (linha 2). E o mundo após criado permanece em constante transformação através do Espírito, que mantém todas as coisas.
Lembrando a raiz hebraica de Espírito (ruah) (linha 44), que é uma palavra feminina, remete a vida, já que é o feminino que gera. O Espírito é a fonte da vida que emana sobre tudo o que foi criado (linha 79). E Ele e o ponto de comunhão entre todas as criaturas e Deus. (linha 85)
6. A imanência de Deus no mundo
Deus, ora colocado na transcendência, não deve ser entendido como as divindades pagãs, que divinizam as forças da natureza, como as religiões naturais matriarcais, sendo o mundo imanente, por ter sido criado por Ele.
O Deus imanente e o Deus transcendente é o mesmo Deus (linha 82), já que Ele cria e habita sua criação. Como afirma a doutrina rabínica, Deus caminha com seu povo, peregrina na miséria, sofre com ele, permanecendo ligado na alegria e na dor (linha 103). Na doutrina cristã trinitária, Deus, através de seu Filho, cria, reconcilia e salva a sua criação. (linha 108)
7. O princípio da compenetração recíproca
Em Deus, não há divisão hierárquica, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só, sem estarem subordinados a outro, como numa relação vassalo e suserano. “No Deus trino existe o mutualismo e a reciprocidade do amor”. (linha 26)
Assim, Deus através da reciprocidade do amor, se relaciona com o mundo; o céu e a terra com o seu Reino; a alma e o corpo unidos no Espírito. (linha 31)
8. Espírito e consciência humana
Através do Espírito, estamos unidos através de uma relação de simbiose. Lembrando Paulo na carta aos romanos, assim como a Igreja é como um corpo, e cada pessoa faz parte do grande corpo, exercendo cada um o seu dom (Rm12,4ss). O homem é uma parte do grande corpo que é a Criação, que deve viver com os outros seres em comunhão.

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